SERRAPILHEIRA, O TESOURO BEM GUARDADO DAS FLORESTAS
Uma floresta tropical, quando em perfeito equilíbrio biológico, forma um ciclo de autossuficiência onde tudo é transformado e reutilizado.
Tomando como exemplo nossa maior floresta tropical, a Amazônia, as árvores gigantescas que ali prosperam por décadas produzem para si um estoque de alimento continuamente abastecido!
Este “estoque” nada mais é do que toda a “matéria orgânica” depositada acima do solo; são todas as folhas secas, frutos, fezes de animais, galhos, cascas de árvore, sementes…
Toda essa “massa orgânica” natural chama-se serrapilheira, termo comumente utilizado por cientistas, biólogos, ecólogos e estudiosos da área.
A quantidade de serrapilheira que pode ser produzida em determinado local dependerá diretamente do tipo de vegetação e clima, ou seja, florestas tropicais com grandes quantidades de árvores e animais, somados a altos índices de chuva e temperaturas altas produzem maior volume de serrapilheira.
A importância dessa camada vegetal sobre o solo é enorme para todo o ecossistema do local, todos dependem diretamente desta matéria orgânica, inclusive a fauna.
Tal sua importância, que a floresta Amazônica, com todo seu gigantismo, desenvolve-se vigorosamente em apenas uma fina camada de solo produtivo, formado pela decomposição de toda matéria vegetal caída no solo, a serrapilheira!
Ou seja, contrariando a exuberância magnífica desta floresta, se retirarmos a camada superficial do solo sobraria nada mais do que um solo seco e pobríssimo em nutrientes.
Solos expostos, no qual não se acumula serrapilheira e consequentemente sem formação de matéria orgânica, são extremamente suscetíveis à ação de erosões, tornam-se secos pela ação direta do sol e pobres em nutrientes, formando-se grandes “desertos”.
Como já ensinava nosso grande paisagista Roberto Burle Marx, nossos jardins devem “imitar” a natureza, e neste ponto porque não adotar esta autossuficiência em reciclar a matéria vegetal para nosso quintal?
Deste modo, procure manter o solo sempre forrado com folhas secas, principalmente na época das chuvas, quando seu processo de decomposição é mais acelerado.
Nunca queime folhas e galhos secos ou os retire do solo por meio de um rastelo, mantenha-os formando sua serrapilheira; com o tempo vai perceber que o solo ficará mais escuro e úmido, e consequentemente as plantas desenvolverão melhor sem a necessidade de adubos químicos.
No caso de gramados, onde o acumulo de folhas pode matar a grama, realmente é necessário retirá-las; no entanto, junte todo o material em um local sombreado e úmido. Após sua decomposição completa retorne o insumo ao gramado na forma de terra vegetal.
Vamos falar melhor sobre a produção de matéria orgânica para seu jardim em um novo artigo específico, aguardem!