MÁSCARAS AFRICANAS ALÉM DO DÉCOR…
A tempos a arquitetura de interiores se rendeu ao exotismo da arte étnica africana, em especial às diversificadas máscaras e esculturas esculpidas em madeira, marfim, terracota ou bronze.
Mas lembrem-se, os significados ligados a essas peças vão muito além de seu valor decorativo, fato que descobri detalhadamente quando resolvi estudar a fundo sobre minha coleção de máscaras africanas e divido hoje com todos (sem de forma alguma pretender esgotar o tema!).
Detentora de extensões continentais e uma delicada estrutura sócioeconômica, a África concentra uma arte étnica riquíssima, berço de tribos que cultuam por gerações suas formas de sobrevivência.
Cada etnia distribuída pelo país possui cultura, estética e religião própria, o que contribuí para uma diversidade enorme de estilos de máscaras usadas em cerimónias como casamentos, colheitas, datas sagradas, guerras e funerais para honrar os espíritos.
De forma geral, as máscaras representam faces humanas ou animais em relevo – nada restrita à realidade das formas – e usadas por diversas tribos do país através dos séculos.
Em sua maioria, as etnias valem-se das máscaras como mediadoras entre o mundo dos vivos e o mundo sobrenatural dos espíritos, um elo entre o dançarino “portador” da máscara e a “dimensão dos espíritos sagrados”. Acredita-se que a máscara confere proteção a quem a carrega, destinada a captar a força vital que “libera-se” de um ser humano ou de um animal quando de sua morte.
Curiosamente e diferente de nossa visão ocidental, uma vez que a confecção das máscaras é considerada como ato sagrado, o escultor africano deve permanecer anônimo e livre de qualquer impureza, o que obriga-o a passar previamente por um processo de abstinência e purificação.
Os conhecimentos que permeiam a confecção de máscaras são passados de pai para filho, nos velhos moldes de “mestre e pupilo”, mantendo-se vivo cada ritual promovido nos trabalhos.
Na produção de uma máscara o escultor seleciona um pedaço de madeira, material considerado sagrado, e deixa-o secar ao sol; com ferramentas especiais começa a esculpir todos os detalhes da máscara para então pintá-la com pigmentos oriundos de matéria vegetal.
Pode-se dizer que a cultura do povo Nok, desenvolvida na região onde hoje é a Nigéria, entre 500 a.C. e 300 d.C., fora uma das primeiras a desenvolver habilidades artísticas em máscaras e esculturas na África, como nota-se pelas descobertas de esculturas de cabeças humanas em terracota atribuídas a esse povo.
Desde então, presenciamos uma infinidade de formas e cores conferidas pelas etnias africanas que, de tão variada, tornaria este artigo gigantesco caso as contemplasse detalhadamente; me resumo então a mostrar uma singela parte desta vastidão cultural das máscaras e esculturas africanas.
Para se ter uma ideia da diversidade que menciono, visitem meu painel “Tribal Arts – Masks” no Pinterest com mais de trezentas fotos de máscaras e esculturas da África; é uma arte fascinante!
Abraços e até o próximo post!