A REDENÇÃO DE LUÍS XIV AO TAPETE SAVONNERIE
Sem dúvida a França desempenhou um importante papel no que se refere à produção de tapetes de luxo, a exemplo dos tapetes Aubusson que atualmente enobrecem ambientes com seu estilo clássico sutil.
No entanto hoje nosso objetivo é comentar sobre um tapete que, tal sua élégance, fora adotado pela mais alta corte francesa para adornar seus palácios, o chamado Savonnerie.
A França iniciou fortemente suas atividades de tapeçaria por volta do séc. XVII, ainda que já confeccionasse tapetes três séculos antes de maneira mais tímida.
O tapete Savonnerie surgiu graças aos esforços de Pierre Dupont para dominar as técnicas orientais de produção de tapetes em seda e lã na sua oficina que prestava serviços ao então palácio do Louvre em Paris.
Em sociedade com Simon Lourdet, montaram uma nova tecelagem nos arredores de Paris, curiosamente onde havia funcionado uma velha fábrica de sabão, fato que batizou os tapetes de Savonnerie (em francês “fábrica de sabão”).
Porém, apesar do nome mais popular, estes tapetes eram confeccionados mediante o uso dos mais altos padrões técnicos orientais, usando o nó turco, e adotando-se desenhos em estilo estritamente europeu, baseado nas artes decorativas renascentistas.
Posteriormente, com a ascensão de Luís XIV ao trono da França, fundou-se a “Academia Real de Pintura e Escultura” em 1648, local dirigido pelo pintor e decorador oficial da corte Charles Le Brune onde congregou todas as oficinas de artesões e tecelões de Paris.
Le Brun era responsável nada menos do que por fornecer os desenhos “tema” dos tapetes Savonnerie, o quais, em geral, incorporavam guirlandas de flores com imagens da antiguidade clássica, como arabescos e cenas mitológicas.
Luís XIV, conhecido como “Le Roi Soleil”, fora responsável por elevar o nível de suntuosidade e luxo em sua corte; não por menos, os tapetes Savonnerie passaram a ser requisitados para adornar os palácios do Louvre, Tulherias e o ápice do poder monárquico de Luís XIV, o grande “Château de Versailles”.
Eram exclusivamente confeccionados para a corte real, até meados de 1743, quando então caia-se o regimento de exclusividade da produção de tapetes para a corte e mantinha-se a proibição da importação de tapetes orientais para o país, uma espécie de “proteção nacionalista”.
O tapete Savonnerie alcançou seu ápice de magnitude perante a alta aristocracia francesa, sendo objeto de desejo de todos que tentavam seguir os passos da corte real.
Suntuosos medalhões adornam este Savonnerie onde os tons de azul predominam na peça.
Tamanho poder pode ser conferido nos preços que exemplares de época alcançam atualmente em grandes leilões, a exemplo da peça confeccionada por Pierre Dupont e vendido no ano de 2000 na Christie’s New York pela bagatela de 4 milhões de dólares.
Ainda hoje os tapetes Savonnerie são produzidos na França – diferente de seu “primo” Aubusson, hoje confeccionado apenas na China – e acompanharam os estilos de cada época, flanando entre os excessos do rococó, a sobriedade do classicismo, a força do estilo império, e releituras com o neogótico; porém é fato, seja o estilo que for, estas preciosidades continuam detentoras de sua “aura majestosa” a qual enobreceu os palácios franceses.